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Adaptado de testemunho de um homem, 64 anos, Mieloma Múltiplo
“(…) Dei entrada no IPO em fevereiro de 2006, de canadianas, a realizar quimioterapia e refazer exames específicos no IPO, onde me foi diagnosticado Mieloma Múltiplo e iniciei a minha jornada de tratamentos intensivos e dolorosos, mas com muita força de vontade e coragem da minha parte, da minha família, amigos e todo o núcleo do IPO o que leva a viver um dia de cada vez. É uma lição de vida que Deus é grande e não falha.”
Memória descritiva
Esta pintura representa de forma metafórica a “Estrada da Vida” e os obstáculos que vamos encontrando no caminho. Por vezes somos obrigados a transportar “pedras” nos ombros por algum tempo e estas tornam o percurso mais penoso. Mas vivendo na esperança por dias melhores chega o momento em que podemos finalmente deixá-las cair aos pés da “árvore da vida” e transformar todas as experiências vividas, durante a viagem, em gratidão e sabedoria que nos acompanharão para sempre.
Adaptado de testemunho de uma mulher, 31 anos, Linfoma de Hodgkin
“(…) Receber a notícia foi como estar a ter um pesadelo e não conseguir acordar. O corpo fica oco, parece tudo mentira. A incerteza do que virá, um turbilhão de pensamentos e uma retrospetiva do que fomos e somos. (…)”
“(…) Quando achava que não conseguia, a força aparecia sei lá de onde. Mas vinha. Vinha em forma de pessoas que amamos, memórias felizes e esperança de voltar a ser feliz. (…)”
“(…) Receios e medos claro que tenho, mas tento acreditar que ainda tenho muito para viver. Poder acordar, poder trabalhar, não ter dores, é o suficiente para agradecer. Parece clichê, mas é a mais pura das verdades. (…)”
Memória descritiva
A mulher acamada, estando envolvida pelo linfoma de Hodgkin, olha para a janela. Deixa entrar o jardim ensolarado e borboletas a esvoaçar ao ritmo da esperança.
Na pintura Alvorecer das Borboletas encara-se dois espaços tempos diferentes. Do lado esquerdo observamos uma mulher acamada envolvida em flores Astolat Larkspur (altamente venenosas) no pescoço. Encontra-se num ambiente hospitalar onde as paredes absorvem as imagens celulares do linfoma de Hodgkin. Uma atmosfera pesada e obscurecida onde predominam os violetas e os cinzentos para representar a doença. No entanto, a figura feminina olha para a janela e deixa entrar as borboletas amarelas a esvoaçar ao ritmo da esperança. Elas vêm de um jardim florido de onde trazem a luz de um dia que ainda está por vir. Apesar de imbuída na doença, a personagem detém-se na leveza da paisagem com a segurança de que as borboletas entrarão na sua vida.
Adaptado de testemunho de um homem, 22 anos, Linfoma de Hodgkin
“(…) Em resumo, ser diagnosticado com uma doença oncológica tão cedo na minha vida (…) tirou-me muitas experiências e ceifou-me precocemente muitas oportunidades que surgiam naquela altura... Mas por outro lado, enriqueceu-me bastante! (…)”
“(…) Uma coisa é certa e digo sempre a todos: não vou desistir, vou dar luta até ao fim e vou ser feliz sempre, com a minha família e amigos (…) Não vale a pena vivermos esta fase menos normal da nossa vida como um fardo, ou como o pior que nos podia acontecer.... (…)”
Memória descritiva
Após analisar o testemunho atribuído, de um jovem de 22 anos com Linfoma de Hodgkin, comecei por estudar o tema e investigar como este tipo de cancro se manifesta microscopicamente e quais são as suas características. Após essa pesquisa e leitura, dei início ao trabalho artístico. Utilizei uma tela de 30 por 40 centímetros e criei um fundo cor-de-rosa com textura de carimbo em pano, criando efeitos de variação na
cor e no padrão, semelhantes à visão microscópica do linfoma. Depois de criar o fundo, preenchi toda a superfície com formas lilases, algumas mais carregadas e maiores do que outras. Para concluir, contornei estas formas com branco. O ponto final foi a inclusão de frases retiradas do testemunho do paciente, das quais se lê
“Tirou-me muitas experiências e ceifou-me precocemente”, “E ali estava a esperança, finalmente ia estar livre de tudo…”, “Próxima fase?” (Que dá título à obra), “Não vou desistir, vou dar luta até ao fim” e “Até ao fim”. A forma como as frases “dançam” na tela tem muito a ver com o percurso do paciente, os altos e baixos, a primeira frase a cair (por ser a mais pesada) e a última que de certa forma é mais estabilizada, tendo uma curvatura, mas continuando para cima, terminando com o “fim” certo e esperançoso, que de certa forma é um resumo do testemunho, um jovem que infelizmente passou por demasiados altos e baixos por causa da doença mas que por nada baixa os braços e fala sempre com um tom de esperança.
Adaptado de testemunho de uma mulher, 80 anos, Linfoma não Hodking
“A nuvem adensa-se por cima de nós de cada vez que pisamos o hospital. (…)”
“(…) Viver é equilibrar! É fazer o nosso trabalho interior. (…)”
“(…) Vivemos vencendo-nos. Amanhã fico melhor, pensamos. (…) E isso me faz erguer todos os dias, com força, vivacidade e alegria. Procurar parceiros das mesmas lutas, frequentar as associações, porque só lá é o local ideal para nos entenderem e onde podemos receber informação útil para nós. (…)”
Memória descritiva
A pintura apresenta o sol a espreitar por entre as nuvens, iluminando a escuridão em baixo. Por cima do sol
voa uma pomba branca, iluminada pelos raios de sol que passam pelas nuvens. Para esta pintura, baseei-me no testemunho fornecido, em especial nos relatos acerca da força que a religião e a fé em si própria trouxe a esta pessoa, o sorrir através da dor, o carinho pela família e a vontade de viver; palavras que me marcaram muito.
As nuvens tentam ofuscar e apagar o brilho do sol, que, não se deixando esmorecer, as atravessa com os seus raios, triunfando sobre elas. O sol ilumina e faz surgir cor na escuridão - o desconhecido - abaixo; estes elementos representam a força e a perseverança, que tentam e conseguem atravessar as nuvens opressoras dos maus pensamentos e do sofrimento, e iluminar com cor e felicidade a vida que, por vezes, pode parecer como um caminho incerto e desconhecido - o encontrar a luz no meio da escuridão. Uma pomba voa acima do sol, iluminada por ele, representando as conexões de amor e amizade que perduram nos tempos incertos, e a esperança que se mantém viva e livre acima da tristeza e da dor.
Adaptado de testemunho de uma mulher, 76 anos, Mieloma Múltiplo
“(…) Consegui perceber e aprender como é possível conviver com a sombra da própria morte. (…) O apoio de familiares e amigos foi também extremamente importante. (…)”
“(…) Não se esqueça de que tem cancro. Em qualquer altura, ele pode querer levantar a cabeça, mas nós cá estamos para a baixar”. Tenho-me treinado no sentido de ocupar a minha mente apenas com o presente, com o que é real e se está a passar no momento, afastando dela tudo o que são apenas suposições e antecipações.”
Memória descritiva
A obra reflete a resiliência diante da doença, demonstrando como é possível conviver com a sombra da própria morte e ser um símbolo de esperança. A pintura captura a luta constante e a determinação para enfrentar uma enfermidade grave, transmitindo uma mensagem poderosa sobre a força interior e a capacidade de superação. A figura à esquerda, pintada com cores quentes, simboliza o erguer de cabeça contra a doença, buscando ser um símbolo de esperança tanto para as pessoas próximas quanto para si mesma. Em contrapartida, a personagem à direita, retratada com cores escuras, representa a sombra da morte e a constante batalha com a enfermidade. Este trabalho não apenas documenta a experiência da doença, mas também celebra a coragem humana. É um lembrete de que, mesmo nos momentos mais sombrios, há uma luz interior que pode brilhar intensamente, inspirando os outros a nunca desistirem, independentemente das circunstâncias.
Adaptado de testemunho de um homem, 47 anos, Linfoma de Hodgkin
“Meti na cabeça que não iria ser aquilo que me ia deitar abaixo, mas por vezes desanimava, via amigos a morrerem (…) Chorei, chorei muito estava sozinho (sem nunca estar sozinho, mas sentia falta dos meus Pais e do meu irmão, mais à noite) estava numa enfermaria de adultos. (…)”
“(…) quanto ao cancro levou um chuto porque lá está “I don’t know whether I’m the boxer or the bag” já em 2024 fiz uma tatuagem com esta parte da letra e o símbolo dos Pearl Jam. (…)”
Memória descritiva
Aos 11 anos, o homem cujo testemunho utilizei foi diagnosticado com linfoma de Hodgkin. Durante um período de 4
anos, os hospitais tornaram-se a sua nova casa. Viveu neles com a alegria própria de uma criança, participando em corridas de cadeiras de rodas, mas também enfrentando todos os problemas de um adulto. Nesse ambiente, desenvolveu uma teimosia incansável para não se conformar com os seus sintomas e provar que, embora possa não chegar primeiro, ele chegaria, independentemente dos obstáculos. Uma das maiores demonstrações desta resiliência foi um episódio em que demorou 6 horas a subir e descer as escadas do hospital onde estava internado. No meu trabalho represento agachado, sentado nas escadas, arfando enquanto recupera forças, possivelmente após ter subido um número incontável de degraus. Esta demonstração de teimosia num momento de fraqueza sublinhou com imponência os seus ideais: pode demorar mais do que os outros, mas ele subiria e desceria aquele hospital.
Adaptado de testemunho de um homem, 38 anos, Linfoma
“Eu era uma criança saudável e com muita energia, até que aos 11 anos foi-me diagnosticado um Linfoma.”
“(…) Também não deixei de ir à escola nem de fazer o que as outras crianças faziam, embora proibido, eu mantinha uma vida normal… jogava à bola, corria, saltava, fazia tudo como se fosse saudável… exceto no período de transplante. Sempre fiz uma vida normal como alguém que nunca passou por uma doença oncológica e passados 24 anos continuo a ser seguido anualmente no IPO e a fazer tudo o que gosto.”
Memória descritiva
A criação desta obra teve por base o relato de quem foi diagnosticado com linfoma numa tenra idade
e mesmo perante este obstáculo continuou uma vida normal e a brincar com os seus amigos. Com esta peça quis representar esse ponto positivo, numa situação difícil, que é a amizade e a importância que os amigos têm no que toca a ultrapassar momentos menos bons da vida. Daí surgiu este desenho, onde figuram crianças a brincar.
De todas as brincadeiras de criança, a escolha do jogo de saltar ao eixo foi propositada de forma a representar visualmente a ideia de ultrapassar os obstáculos, neste caso o linfoma.
De modo, a transmitir a sensação de esperança foram utilizados tons esverdeados, como também os tons azuis que estão associados ao conceito de fé, espiritualidade.
Adaptado de testemunho de uma mulher, 52 anos, Linfoma de Hodgkin
“(…) Durante todo este período tive o apoio incondicional dos meus pais que me ajudaram a superar as piores fases de internamento e permitiram-me recuperar junto deles. Também a minha filha muito pequena, deu-me muito carinho apesar de não compreender o que se passava com a mãe. (…)”
“(…) A minha filha continua a ser o meu grande apoio e sou voluntária apoiando doentes que estão em situações idênticas à minha. Estou feliz por poder ajudar os outros doentes e ser um exemplo de superação para eles. (…)”
Memória descritiva
A partir do testemunho fornecido procurei encontrar um ponto em comum, como uma conversa em que duas pessoas se conhecem. Foi-me difícil entender uma experiência que desconheço, no entanto, como mãe, consigo entender como um filho/a é a maior fonte de força dos pais. Decidi então orientar este trabalho por esse elo comum.
As duas figuras, mãe e filha, emanam cores” quentes” por contraste ao panejamento de tons “frios” sobre o qual estão colocadas, procurando um paralelismo entre o calor da relação mãe/filha e a dureza da situação que lhes foi imposta. As duas figuras estão num momento enternecedor, no entanto os corpos apresentam-se de certa forma erguidos, deixando em suspenso um “É por ti que me levanto”.
Adaptado de testemunho de uma mulher, 62 anos, Linfoma Não Hodgkin
“A Vida “deu-me” um Linfoma Não Hodgkin para Me obrigar a “Mudar Tudo” … e mudou! (…) a maior bênção que tive foi o dom de aceitar (…)
“(…) Cabia a mim dar o meu melhor e consegui! Só assim foi possível…. Confesso que foi um dos momentos da minha vida em que me senti orgulhosa da forma como lidei com toda esta luta cheia de batalhas… onde uma a uma, sem questionar ou culpar a vida, consegui ir vencendo até á última! E cá estou “com doença residual” (…)”
“(…) Depois de tudo o que experienciei durante estes 18 meses, acredito que Aceitar, Confiar, Acreditar, sempre! Fez toda a diferença! (…)”
Memória descritiva
Seguindo o testemunho, em que apesar de tudo a esperança prevalece sempre, criei uma realidade alternativa em que é difícil acreditar, uma realidade fictícia em que a personagem pode não ser fictícia pois existe o elemento identificável que é o ser humano. A atmosfera pretende transmitir algo de alucinógeno pelas cores. Apesar da dificuldade de ter que aceitar e passar a enfrentar o problema, a testemunha refere o facto de ser realista, assim sendo, focarmo-nos na nossa realidade. Por isso criei este universo distinto.
Adaptado de testemunho de uma mulher, 39 anos, Linfoma de Hodgkin
“(…) Somos muito mais do que a doença. Há muitas mais dimensões além da doença, na nossa vida! Como reagimos é a chave: optar pela vitimização ou encarar este desafio como uma oportunidade. De autocuidado, de melhorar a vida em aspetos que descurámos. E todos os dias podem ser de superação! (…) E face a tudo isto, há uma mensagem chave que me ajudou e ajuda todos os momentos e dias da minha vida: focar APENAS no que importa e no que conseguimos controlar. (…)”
Memória descritiva
A vida tem altos e baixos inevitáveis. Alguns ‘31’ parecem intermináveis, destruindo o nosso corpo e os nossos sonhos. Somos obrigados a parar, a buscar refúgio e a recuperar as forças para continuar o nosso caminho. Precisamos de um espaço onde possamos esconder-nos do mundo e lavar as nossas mágoas. Sem esses lugares, a hipótese de uma cura é inconcebível. Um ‘remédio’ clínico solitário põe em causa a eficácia da cura. Um espaço
para respirar e descansar do constante ato de fingir normalidade com a doença é o toque final e humano que falta à frieza da situação.
Adaptado de testemunho de uma mulher, 45 anos, Linfoma Linfoblástico de Células Tipo B
“(…) A mensagem que eu quero passar é uma mensagem muito simples. É possível haver uma vida feliz e uma vida com qualidade depois de um cancro de sangue. Não vou mentir e dizer que o processo é fácil, mas é um caminho que se faz devagar, com muita fé, sem nunca desistir. (…)”
“(…) Todos os dias eu dizia o meu lema “amanhã vai ser ainda melhor que hoje (…)”
Memória descritiva
A pintura é inspirada no testemunho de uma mulher com um Linfoma Linfoblástico de Células Tipo B, e pretende transmitir a mensagem de esperança, força e resiliência partilhadas pela mesma. O seu lema, “Amanhã vai ser ainda melhor do que hoje”, ocupa um lugar de destaque no topo da tela, simbolizando o otimismo e a fé que a acompanharam durante a sua jornada.
A grande mancha negra dos 5 vultos representa a família, o suporte e amor fundamentais em todo o processo. O sol presente através da inclusão de círculos amarelos, simboliza a esperança e a luz, trazendo uma sensação de positividade. Já a tinta vermelha espalhada alude ao sangue, a dor e a resistência enfrentadas.
No canto inferior esquerdo consta uma espécie de diário cronológico que apresenta alguns anos e acontecimentos marcantes da vida da paciente. As flores coloridas representam a sua filha, fonte de força e beleza no meio do caos, e são feitas com lápis de cera, reforçando a inocência e a pureza infantil. Escritas a grafite na vertical e de difícil leitura, constam as doenças da mãe da paciente, “alzheimer” e “demência vascular”,
simbolizando a complexidade e a dificuldade de lidar com essas condições durante o tratamento. A montanha, resultante da colagem de papel em tom terroso, representa o processo árduo e de resistência, sugerindo a subida íngreme e a superação dos desafios.
Adaptado de testemunho de uma mulher, 47 anos, Mieloma Múltiplo
“O impacto foi brutal em todos os sentidos, pois eu acabava de chegar a um país estrangeiro, onde não tinha amigos nem família. Eu e meu marido atravessamos o Atlântico com uma mala cheia de sonhos” (...) Mesmo assim, eu decidi que não me entregaria à doença e que faria dela um motivo para me reinventar (…)”
“(…) O cancro não é sentença de morte! Todos vamos morrer um dia, estejamos saudáveis ou não. Portanto, viva o presente com amor e intensidade, tendo sempre consigo um brilho nos olhos e a esperança de que o amanhã será melhor. (…)”
Memória descritiva
Nesta obra o artista retrata um casal de mãos dadas de forma resiliente, um gesto de união e esperança diante de uma jornada desafiadora. Com a delicadeza dos traços cuidadosamente pintados em alto contraste, a obra transmite a dualidade entre força e fragilidade, esperança e adversidade. No centro da composição, o casal olha fixamente para a luz com coragem e determinação, esta simboliza a esperança de um futuro melhor que eles procuram alcançar juntos, apesar da doença terminal que assola a mulher, uma luz que os guia através da escuridão da incerteza e do medo, os quais estes recusam que vençam. A obra lembra-nos que, independentemente das adversidades que enfrentamos, a esperança deve sempre prevalecer. A união e a determinação do casal diante da doença terminal mostram que, mesmo nas situações mais sombrias, a esperança é uma luz guia essencial. Este gesto resiliente de olhar para o futuro com coragem e otimismo inspira-nos a acreditar que a esperança pode superar qualquer desafio, por mais difícil que seja. A mensagem é clara: a força da esperança e do amor é capaz de transcender as maiores adversidades da vida.
Adaptado de testemunho de uma mulher, 18 anos, Leucemia promielocítica aguda
“(…) O impacto foi brutal. Foi muito difícil (e por vezes, ainda é) perceber que ia ter de adiar esse sonho pelo qual tanto tinha lutado. Passei por várias fases. (…)”
“(…) Não está tudo perfeito (e está longe de estar). Há dias melhores em que nem me sinto doente e outros em que parece que tudo caiu em cima de mim. Trata-se de uma questão de equilíbrio e tentar ver as coisas por uma maneira diferente (o que nem sempre é possível). Acho que a mensagem que é preciso passar é de que o diagnóstico não é o fim do mundo. (…)”
Memória descritiva
Nesta obra procurei trabalhar com cores vivas e vibrantes numa tentativa de espelhar a esperança inerente ao meu testemunho, que foi um aspeto fulcral para mim na sua leitura. A sugestão de uma evolução de formas através dos quadrados e retângulos a azul pretende apresentar os diferentes degraus da vida sendo que, em ambos os casos, existe uma quebra (o diagnóstico).
A repetição dos elementos pretende sugerir um dia-a-dia mais condicionado e rotineiro. As linhas finas que surgem numa posição central vão ao encontro desta mesma intenção, mas também sugerem algo interno como as veias
onde o sangue circula.
O dripping apresentado a azul-claro induz ao desabar de um sonho e às lágrimas do processo, no entanto, a sua cor atenua o peso dessa realidade.
Decidi deixar o fundo a branco porque, “o diagnóstico não é o fim do mundo” e a vida pode, também ela, conter sempre um espaço em branco para ser reescrita e poder continuar a acrescentar mais cor.
Adaptado de testemunho de uma mulher, 27 anos, Leucemia Aguda Ambigua
“(…) Contudo estes momentos de desamparo eram curtos, porque rapidamente era invadida por coragem, por uma força e um pensamento de “vai tudo passar, vai tudo correr bem!”
“(…) Imagino que ninguém deseje ter a minha vida, mas eu gosto muito dela! Gosto muito de mim, da pessoa que me tornei e de tudo o que alcancei. tenho muito orgulho em mim! O melhor ainda está por vir! Amanhã é sempre um dia mais perto da cura, é um dia mais perto de ficar tudo bem. (…)”
Memória descritiva
Esta obra consiste na representação metafórica de cabelos, descritos com as cores verde, preto e vermelho.
A confusão inerente ao emaranhar de linhas simboliza a sensação de “desamparo”. A área a verde com notas de preto representa os obstáculos da doença e a forma positiva e perseverante, como os que ultrapassou.
Os pontos a vermelho são uma evidência da dor, contudo, também podem ser vistos como o florescer de algo novo e positivo, dado que a conjugação entre o verde e o vermelho se assemelham a flores. Saliento a inclusão da linha e dos pequenos pontos de bordado, são a prova desta etapa da sua vida, marcam os conflitos interiores que sentiu, como o estado de choque e a perda de identidade. Por fim, o comportamento ascendente
das linhas para uma zona em branco, articula como uma espécie de página em branco, uma referência ao futuro dela, o qual encara de forma otimista.
Adaptado de testemunho de uma mulher, 48 anos, Mieloma Múltiplo
“(…) Morava sozinha, a minha filha veio morar comigo e logo depois veio uma amiga, parece que Deus as enviou, pois foi num momento que eu realmente estava a precisar de ajuda.” Sempre que me perguntam qual foi o dia mais importante da sua vida, eu respondo sempre “o dia de Hoje”. As nossas mentes devem estar sempre ocupadas de pensamentos bons e positivos. E lembre-se um diagnóstico de um cancro incurável não é uma sentença de morte. (…)”
Memória descritiva
“Nada temas, porque Eu estou contigo; não te angusties, porque Eu sou o teu Deus. Eu fortaleço-te e auxilio-te, e amparo-te com a minha mão direita e vitoriosa.” – Isaías 41:10. Aludindo ao texto sagrado, esta peça sustenta uma visão de esperança filtrada pelo olhar do testemunho. Neste sentido, apresenta uma interpretação da perspetiva pessoal de quem encontrou força no apoio familiar e divino no enfrentar de adversidades médicas.
Para além da luz como o foco do afeto da família e amigos bem como da fé em Deus, esta surge, também, como evocação da esperança no dia de hoje. Assim, remeto à mensagem testemunhada da preponderância de se viver dia a dia, de se saber que todas as tempestades, eventualmente, se acalmam. Sumariamente, a obra em si é a uma ode à perseverança e otimismo da senhora, à sua luz interior.
Adaptado de testemunho de uma mulher, 32 anos, Mieloma Múltiplo
“(…) Desde o diagnóstico que tenho vivido numa autêntica montanha-russa, cheia de desafios e conquistas, perdas e ganhos, momentos de tristeza e de felicidade. (…) Considero-me uma pessoa muito feliz! Amo a minha vida, a minha família, os meus amigos e os projetos em que estou envolvida. (…) tenho cada vez mais força para continuar a lutar, não só por mim, mas também pelos outros. (…)
Primeiro dá-te a oportunidade de sentires todas as emoções, mas se o medo e a ansiedade começarem a dominar a tua vida, pede ajuda, a um amigo, familiar, profissional de saúde ou psicólogo. Apesar de o Mieloma Múltiplo não ter cura, os últimos anos tem sido revolucionário. (…)”
Memória descritiva
Ao ler o depoimento da minha testemunha, pude sentir em maior força a vontade de ser livre. Algo como se ela tivesse renascido e aprendido toda uma nova forma de ser feliz consigo mesma e com quem ama. Representei uma figura feminina, com os olhos cobertos de flores e asas, símbolos de esperança, renascimento, liberdade. Os tons neutros da figura em contraste com os tons vibrantes amarelos e laranjas dos símbolos surgem como meio de transmissão da ideia de que o foco é representar os sentimentos da senhora e não a ela em si. A textura com relevo dos elementos simbólicos sobre a lisa da figura salienta esta ideia. O fundo rosa, cor associada aos laços afetivos, que abraça a figura através das sobreposições, simboliza a presença do seu marido, da sua irmã, entre outras pessoas na sua vida.
Adaptado de testemunho de uma mulher, 53 anos, Mieloma Múltiplo
“(…) Uma pessoa independente e muito resiliente! No entanto, sempre a sorrir! (…) Fui diagnosticada com Mieloma Múltiplo em julho de 2021 (…) Depois do diagnóstico demorou quase um mês para iniciar os tratamentos. O primeiro foi no dia dos meus anos e senti que o Universo estava a dar-me uma oportunidade única! (…)”
“(…) Por último quero dizer aos novos diagnosticados: Não se sintam sozinhos… procurem ajuda na família/amigos, nas associações de doentes. De certeza que vão encontrar alguém! Quero aqui deixar a minha frase favorita: “Nós não somos a nossa doença … somos o que fazemos com ela!”
Memória descritiva
Corpo fechadura propõe uma interpretação do depoimento onde a paciente relata ter descoberto um novo universo após seu diagnóstico, conectando-se consigo mesma e outras pessoas à sua volta. Numa relação com essa descoberta, o ato de espiar por uma fechadura traz à tona um novo universo e a silhueta da própria fechadura, sugere uma figura humana, repleta de estrelas, constelações, galáxias, em sintonia entre si e conectadas consigo mesmas, um universo simultaneamente interno e externo. A obra propõe a reflexão sobre mudanças drásticas, saúde (física e mental), resiliência e autoconhecimento.
Adaptado de testemunho de um homem, 41 anos, Leucemia Mieloblástica Aguda
“(…) Com o diagnóstico da doença, a minha vida mudou completamente de um dia para outro. De um dia para o outro vi-me numa cama de hospital sem perceber o que estava a acontecer ou o que iria acontecer. Foi um aprender a viver novamente, com muitos altos e baixos. Mas onde a força da família e a confiança na equipa médica que me segue, foi essencial. (…)”
“Acreditem em vocês, nos médicos, nas equipas que nos seguem. Nos momentos maus agarrem-se aquilo que vos faz feliz. Nunca desistam de vocês, por vezes somos capazes de coisas extraordinárias e nem temos a noção disso. Sejam felizes!”
Memória descritiva
No testemunho, está presente uma imensa perseverança no seu todo.
Decidi, então, traduzir este sentimento com vários tipos de flores e plantas, conhecidas por serem extremamente difíceis de matar, como o lírio da paz e a flor-de-cone.
Adaptado de testemunho de uma mulher, 27 anos, Leucemia Aguda Ambígua
“(…) Quando fui diagnosticada pela primeira vez lembro-me de sentir um vazio enorme, um desamparo (…), contudo (…) foi assim que enfrentei sempre a doença, a cura e a minha recuperação, muito positiva e de cabeça erguida. (…) É tudo uma questão de perspetiva!”
“(…) O melhor ainda está por vir! Amanhã é sempre um dia mais perto da cura, é um dia mais perto de ficar tudo bem. Acredita! Coisas boas acontecem, quando sentires essa forma bonita de acreditar!”
Memória descritiva
Em resposta ao testemunho, pretendi representar o termo “alívio”. A sensação que sentimos após um episódio de peso ou pressão terminar, tal como despir uma roupa apertada. Neste caso foi-me útil a marca de um corset por linhas vermelhas, pelo corpo, por ilustrar uma figura feminina e remeter a opressões históricas
que nos temos vindo também a livrar aos poucos. O símbolo de esperança aliado ao termo de alívio requer uma caminhada de reflexão e vulnerabilidade, onde a nudez participa em força e em necessidade.